Ação da AMB e da Apamagis revisita histórias apagadas da cultura negra em São Paulo

A segunda edição da Caminhada Negra, organizada pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), foi realizada no sábado (19/11), em parceria com a Apamagis. Na ocasião, diversos juízes e seus familiares tiveram a oportunidade de caminhar por regiões do centro de São Paulo para conhecer histórias do povo preto que contribuíram para a construção da nação brasileira. A caminhada também ocorreu em outras sete capitais brasileiras: Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Aracaju.

Na capital paulista, o grupo de afroturismo Guia Negro foi o responsável pelo itinerário, cujo objetivo, segundo explicou Guilherme Salles Dias, criador do grupo, “é trazer esse protagonismo [da população negra], é falar de pessoas que foram sistematicamente apagadas”. O trajeto teve início na Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados, no bairro da Liberdade. Apesar de reconhecida pela cultura japonesa, a região foi responsável por abrigar as primeiras residências de pessoas negras alforriadas. O próprio nome do bairro originou-se na história de Chaguinhas, um soldado negro condenado à forca por liderar uma revolta em Santos contra o não recebimento de salários. As três tentativas de cumprimento da pena foram interrompidas pelo rompimento da corda. Gritos de “Liberdade, Liberdade, Liberdade” foram ecoados pela população ao seu redor.

Grupo se concentrou na região central para o início da caminhada | Foto: Ariane Martins

A Capela dos Aflitos, onde o soldado Chaguinhas está enterrado, foi o ponto seguinte do passeio. O roteiro seguiu então pelo Largo da Forca (Praça da Liberdade), pelo Pelourinho, onde escravos eram punidos com chibatadas, chegando à estátua Zumbi dos Palmares, cuja data do assassinato inspirou a criação do Dia da Consciência Negra (20 de novembro).

A caminhada continuou pelo Largo São Francisco, onde está localizada a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, local de ativa atuação do advogado negro e abolicionista Luís Gama, reconhecido como Patrono da Abolição da Escravidão no Brasil. O dia se encerrou na Casa PretaHub, um espaço de economia colaborativa e de preservação artística da cultura negra.

A diretora de imprensa da Apamagis, Ana Carolina Della Latta Camargo Belmudes, representou a presidente Vanessa Mateus na Caminhada Negra e ressaltou a importância da realização da ação cultural. “Revisitar a cidade de São Paulo, revisitar uma história que muitas vezes não é contada foi realmente muito importante e muito potente. Foi muito rico conhecer a nossa história e fazer parte de algo enriquecedor: ocupar o centro da cidade”, refletiu ao final do passeio.

Link da matéria no site da Apamagis: https://apamagis.com.br/acao-da-amb-e-da-apamagis-revisita-historias-apagadas-da-cultura-negra-em-sao-paulo/