Podcast ‘Paz pra quem? Diálogos sobre a (in)segurança pública’ #01

Quais devem ser nossos horizontes no debate de Segurança Pública? No primeiro episódio dessa série de podcasts, uma conversa sobre as polícias brasileiras com a professora Priscila Vilella (PUC-SP)

Por Redação AJN

A segurança pública no Brasil tem sido marcada por diversos conflitos entre representantes da força pública e agentes civis. 

Para pensar um pouco mais sobre a origem destes conflitos e buscar enriquecer o diálogo em busca de soluções que reduzam a violência estatal, Vinícius Munhoz e Thais Akemi, jovens comunicadores da Agência Jovem de Notícias, à frente do projeto ‘Paz pra quem? Diálogos sobre a (in)segurança pública’, apresentam uma série de artigos e podcasts nos quais debatem com professores, representantes de organizações do terceiro setor e outros profissionais os principais temas que envolvem a segurança no Brasil e no mundo.

Neste episódio com a professora Priscila Vilella (Relações Internacionais | PUC-SP), uma conversa sobre o papel das polícias e a violência estatal, sobre a pauta da desmilitarização das polícias, quais são os recortes de classe, raça e gênero dentro do tema, quais as diferenças entre a polícia militar e civil e outros eixos de discussão.

Priscila deu um panorama geral sobre as funções das polícias civil e militar, e apontou algumas contradições de classe dadas para as pessoas que exercem essas duas áreas, e também das diferenças de atuação, direcionada para garantir a segurança de forma pacífica para algumas populações e reprimir com o uso declarado da força o que seriam as ‘classes perigosas’ – pessoas negras, moradores de periferias e favelas:

O que marca a segurança pública, e quando a gente pensa em violência, é uma relação muito discriminatória da polícia com diferentes parcelas da população, então, a polícia tem essa marca muito violenta, principalmente na periferia, principalmente contra populações definidas em termos de classe, em termos raciais: os pobres e pretos.

A polícia militar, que está na rua, tem atuação ostensiva, de flagrante. A polícia civil investiga e assume os casos levantados pela polícia militar e, historicamente, ambas atuam de forma violenta. A professora Priscila pontua que, nessa divisão de funções há problemas importantes de classe que impactam a atuação e o grau de envolvimento das polícias com a população:

uma está na rua, com farda, exposta para a população, e aí essa relação violenta entre sociedade e Estado se torna mais aparente com o envolvimento dessa polícia, e a polícia civil está nos bastidores, está na investigação, não está visível, só que ela também é uma polícia muito violenta; o processo de investigação é muito violento, os processos de interrogatório que acontecem são muito violentos, e a gente tem um histórico, né, casos de tortura no Brasil pela polícia. A gente associa violência à polícia militar, mas o DOPS [Departamento de Ordem Política e Social, órgão que funcionou durante a ditadura militar], veio da polícia civil, que é essa polícia interrogatória.

O papo ainda passou por temas essenciais para quem quer pensar a segurança pública no Brasil como a guerra às drogas, o racismo estrutural e institucional, entre outros.

Leia a matéria no site da Agência Jovem de Notícias: https://agenciajovem.org/podcast-paz-pra-quem-dialogos-sobre-a-inseguranca-publica-01/